quinta-feira, 25 de abril de 2013

Das coisas de antes


Antigamente, eu sabia o que fazer.
Agora, já faz mais de uma hora
que me pergunto por onde andei.
Onde estão as certezas
em que apostei?

As coisas a que me apeguei,
Já não são tão importantes.
E o que eu quero agora,
é bem diferente de antes.

Já não sou a mesma,
Já não tenho tanta coragem.
O que deixo...esqueço.
Tudo isso, deve ser questão de idade.

É um grande jogo.
e eu perdi as apostas.
acabaram-se as fichas,
Encerrou-se a rodada.

Então, vou esquecer este dia.
Deixar mais uma página em branco.
Viver dessa nostalgia.
Lembrar do que já quis tanto.


Izuara Beckmann,
25 de Abril de 2013.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Relevâncias


Um brinde 
às perguntas sem respostas,
às ideias tortas,
a tudo que independe.

Um brinde à regra,
que faz valer a exceção,
dispensa explicação,
e na mesma ilusão nos leva.

Um brinde à imutabilidade,
às repetições incansáveis
de um mesmo ciclo.

Um brinde à sina,
ao destino já traçado,
ao que já foi realizado,
e nada ensina.

Um brinde à ordem,
de tom irrevogável,
Ao estrago irreparável.
Um brinde ao caos.

Izuara Beckmann,
18 de Abril de 2013.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Ausência


Me perdi de mim.
Não sei mais quem sou,
nem onde me procurar.
Esqueci o caminho de volta,
fugi e tranquei a porta.

Nada restou em mim de mim,
nem eu me encontro mais aqui.
Não posso dizer que mudei,
se eu não sei quem era.

Talvez eu esteja exatamente igual
e no fundo, a ausência de mim
não signifique mais do que eu costumava ser.



Izuara Beckmann,
Meados de 2010.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Trilha Sonora


Ela o beijou ao som de Engenheiros Do Hawaii,
disse que não estava mais nem aí.
Disse que passaria um tempo fora,
fora de casa? Ele perguntou.
Fora de mim. Ela disse.

E pegou o primeiro trem pra lugar nenhum.
Disse que pra destino, servia qualquer um.
E ele lhe seguia os passos, inebriado.
O chão se abrira sob seus pés, 
tudo que antes conhecia parecia mudado.

Todo momento era novo,
ela lhe preenchia cada canto do pensamento.
Mas ela mantinha o olhar distante,
como se algo pudesse lhe fugir a qualquer instante.

Ela brincava com as palavras,
com os sentimentos e com tudo a sua volta.
Parecia fazer parte de um girar indecifrável 
parecia causar o mesmo efeito em tudo.

Ele, vítima desta embriaguez,
demorou pra reparar,
que ela já não estava ali.
Enquanto ainda tocava,
aquela mesma música.
Ela o deixou,
ao som de Engenheiros do Hawaii.



Izuara Beckmann,
04 de Abril de 2013.