quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Ciclos Inconstantes


Nada é permanente,
ainda que a mesma sina
nos acerte de novo
em outra esquina.

Ainda que os dias se repitam,
como se nem ousassem
diferenciar-se em números
ou dias da semana.

Nada é definitivo,
os significados não são,
dependendo de onde estão,
por quê as palavras haveriam de ser?

Mesmo o poema
que pareça, por hora, contido
vai se encarregar de ser diferente
ao próprio ser que lhe atribuiu sentido.

Izuara Beckmann,
24 de Setembro de 2014

domingo, 21 de setembro de 2014

Plural


Ninguém sabe de verdade quem eu sou.
Não digo por puro capricho.
Se alguém porventura souber,
tenha a decência de me elucidar.

Sou várias em mim,
por vezes opostas.
Quando descubro um caminho enfim,
não seis quais de mim querem traça-lo.

Sou toda interrogação,
sedenta de algumas certezas,
por vezes na contramão,
encontro partes esquecidas de outro eu.
Sou plural,
em pronome singular.

Já fui todos
quis estar em todos os lugares,
quis ser sempre diferente.
enlouqueci em busca de ser una.
Abraçando por fim a loucura completa,
pude enfim, ser poeta.

Izuara Beckmann,
05 de Agosto de 2014.