quinta-feira, 27 de junho de 2013

Medidas


Qual a medida de amar?
O ponto de partida,
o ponto de união?

Quem é que sabe a medida da sinceridade?
Até que ponto insistir,
Até que ponto dizer a verdade?

Onde entregar os pontos?
Quando decidir onde parar,
e as coisas a abandonar?

Depois desse ponto,
qualquer verdade é grosseria.
Qualquer notícia é gritaria.


Izuara Beckmann,
27 de Junho de 2013.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Como as histórias devem ser


Como todo começo deve ser,
breve, leve e simples.
Era simplesmente ódio.
Talvez nem fosse mútuo,
mas o ódio dela era suficiente por dois.

Ele era do tipo frio e calculista.
Não costumava dar explicação,
e suas ações pareciam cruelmente pensadas.
Mantinha um olhar sombrio,
parecia ter saído de um dos pesadelos dela.

Ela, do tipo espontânea,
tinha sempre uma opinião sobre tudo.
Seguia a risca seus próprios instintos,
suas próprias leis e sua própria moral.
mas mantinha uma desconfiança atenta.

Como todo desenrolar deve ser,
perguntas foram respondidas,
intenções reveladas 
e conceitos refeitos.
Silêncios foram seguidos de expectativas.

Como um romance não tem uma regra,
e não tem que ser de jeito nenhum,
o deles tinha regra própria,
e um infinito contido em cada instante.
Mesmo infinitamente breve,
era o melhor de dois.


Izuara Beckmann,
22 de Junho de 2013.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Sobre amor


Não está nas declarações públicas de afeto,
nem nas frases que enchem as redes sociais.
Não está em toda história,
nem em todos os finais.

Não está na vitrine de lojas da avenida,
nem nas conversas apaixonadas.
Não está em tudo que parece ser,
nem em qualquer direção tomada.

O amor está nos olhares silenciosos, 
Está no que não precisa ser dito,
nas certezas mudas,
no apoio mútuo.

Pode não saber ao certo
pode estar numa confusão,
talvez não se saiba onde,
mas está em algum lugar no coração.


Izuara Beckmann,
12 de Junho de 2013.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Conservar ao alcance da imaginação

Contém um verso,
diz a embalagem.
Cuidado, pode ser de protesto.
E não tem data de validade.

Pode ser que não se deixe consumir,
talvez dê má digestão.
Aquele incômodo,
um aperto no coração.

Talvez dê um nó na garganta,
e seja difícil de engolir.
Mas justifica-se por si mesmo
apenas por existir.

De efeito variável 
devorar sem moderação.
Conservar sempre
ao alcance da imaginação.

Izuara Beckmann,
06 de Junho de 2013.