terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Onde habita a consciência

Minha consciência não vive em mim,
paira ao meu redor
Como uma névoa
inexplicavelmente estacionada nesse corpo.

Minha consciência não vive em mim,
mas em mim se expande e se retrai 
Me ultrapassa e me dilacera
me liberta e me encarcera.

Minha consciência habita 
no limiar da minha lucidez
Minha consciência sobrevive

entre o choque de realidade e ilusão.

I.B.P.
11 de Dezembro de 2017



domingo, 26 de novembro de 2017

Once in hell, embrace de devil

Era o poder de modificar a realidade, 
ou pelo menos uma tentativa. 
Era poder controlar seu mundinho, 
era estar à frente de todos. 

Começara na infância. 
A primeira mentira lhe saiu tão rápida e indolor. 
Quase como se tivesse acontecido 
em uma outra realidade.

Crescera, fora pega. 
Acabou por aprimorar o talento. 
Mente graciosamente e naturalmente. 

Inclusive para si mesma.

I.B
27 de Novembro de 2017.


*Fruto de Writing Prompts aleatórios. Tema 1: 236. Liar, Liar.


quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Causas Mortis

Gritou aos quatro cantos,
todo mundo podia ouvir.
Ninguém ouviu.

Correu em todas as direções
até ser interrompida por paredes.
Chorou até secarem as lágrimas 
até secar qualquer impulso vital.

Perdeu a voz,
aos poucos o sentido.
Acabaram-se as forças,
a centelha se apagou.

Ali jaz, no escuro.
Jamais verá novamente amanhecer.
Ninguém jamais entenderá 
o sentimento que paira naquele último suspiro.

Embora todos acreditem conhecer seus motivos,
ali jaz por razões completamente diferentes.
Ali jaz, no silêncio ensurdecedor,
na indiferença fria,
na visão por trás das máscaras,
no seu vazio,
plena de tudo que poderia ter sido.

Eis que reabre os olhos,
ainda o mesmo recipiente físico,
mas o antigo inquilino não se encontra.

I.
09/11/2017

domingo, 8 de janeiro de 2017

Imersão


Me lembro de mergulhar e abrir os olhos.
De me manter imersa enquanto observava.
De me obrigar a manter os olhos abertos apesar do incômodo.
Me lembro de me esforçar para chegar ao fundo,
até onde fosse o mais distante possível da luz da superfície.

Me lembro de me manter debaixo d'água
até que me queimasse alguma coisa por dentro,
por falta de ar, só pra me sentir ali.
Só pra conhecer o local exato
dos meus órgãos vitais que pareciam queimar.

Me lembro de finalmente subir a superfície e flutuar.
A água parecia me levantar
e me puxar pra baixo ao mesmo tempo.
Me sentia parte de tudo,
e era indiferente a tudo.


Izuara Beckmann,
08 de Janeiro de 2017.