sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O fim, e tudo que se segue


Só preciso saber o que há no fim da clareira.
Não importa o dia, o trabalho, o cinema.
Importa que eu estou lá,
importa que eu sinto o que ele sente,
respiro por sua respiração,
um só coração, sinto o pulso acelerar.

Ele não sabe que estou lá.
Ele não sabe que vejo dentro de sua mente,
que conheço seus pensamentos.
Talvez esse seja o pior tipo de intromissão,
mas sejamos honestos, o acompanho desde o início...
desde que caminhava pelo deserto.

Não sei se me fiz personagem, ou a personagem sou eu.
Em algum momento deixei de ser a espectadora
de uma história narrada em minha mente
e me tornei participante parte ativa.
Passei por suas dores e derramei suas lágrimas,
sorri suas alegrias e vivi seus longos dias.

Agora aqui estamos. O fim, a clareira.
Sentimos o frio na barriga,
respiramos pausadamente.
E damos os últimos passos.
Quem pode dizer que serão os últimos?
Talvez nos reste o posfácio e a redenção.


Izuara Beckmann,
17 de Janeiro de 2015.