segunda-feira, 25 de junho de 2012

Grito de Paz



Me segure se eu falar,
cansei de me calar.
Nada mais vai me deter,
estou certa do que quero fazer.

Tenho muita coisa aqui guardada,
milhões de frases não terminadas.
Já engoli sapos demais,
veja agora do que sou capaz!

Cansei de aceitar tudo calada,
mesmo se não der em nada,
não me calo. Dessa vez eu vou gritar!
Todos lá fora, precisam escutar.

Há uma solução pra tudo,
pra mudar este mundo.
Somos capazes de amar,
essa é a maior mudança que há.

Já me cansei dessa nossa indiferença,
só quando vermos no outro a semelhança,
poderemos então, o planeta mudar
naquilo que sonhamos em o transformar.

Podemos mudar, depende de mim e de você.
Basta assumirmos o que somos chamados a ser.
Arregaçar as mangas, ir à luta.
Ver o dia terminar para a maldade e raiar por uma causa justa.

Um novo dia de igualdade, amor e paz,
o despertar de um novo mundo capaz
de enxergar mais de um palmo a frente do nariz.
Onde todos tenham a oportunidade de “ser feliz*”.

Izuara Beckmann,
24 de Junho de 2012.
Comentários:
*"Ser feliz", assim mesmo, no singular. Porque a felicidade é individual. Não pode ser coletiva, já que cada um tem sua própria definição de felicidade, que deve ser respeitada individualmente.

domingo, 24 de junho de 2012

Projeções


Não vou estar sempre aqui,
não vou lutar sempre assim.
Me encontrarão bem longe daqui,
em outra dimensão de mim.

Não vou andar sempre na mesma direção,
vou tomar outras rotas,
arriscar por onde mandar o coração,
vagar por ideias remotas.

Não vou arriscar sempre o mesmo palpite,
nem ter todas as certezas à mão.
Vou pra onde o amor existe,
embriagar-me de emoção.

Não vou carregar sempre a mesma expressão,
nem ostentar pra sempre a mesma fachada.
Tomarei qualquer nova decisão,
pra encaixar as peças de uma vida sonhada.

Não vou ter sempre os mesmos sonhos
uns serão passado, outros realidade.
No fundo tudo é uma projeção,
de tudo que um dia, sentirei saudades.


Izuara Beckmann,
24 de Junho de 2012.



quinta-feira, 21 de junho de 2012

Dramaturgia



Me sinto melhor aqui, como espectadora de mim.
Assistindo de fora, minha própria cena.
Seguindo um roteiro que nem me lembro se escrevi.
Interpretando faces de mim que não reconheço,
usando máscaras que nem mesmo lembro porque criei.
Aqui, sem motivos os porquês,
vivendo uma dramaturgia que nunca ensaiei.

Parece que só eu mesmo ainda estou na plateia.
Dessa peça que sou protagonista.
Todos de algum jeito já se convenceram a ir embora.
Ainda assim, algum desinformado dá as caras.
No começo, finge se importar.
Depois este também dá as costas.

Me pergunto o que eu faço pra me convencer?
Não tem nada aqui que me identifique,
como esta personagem que finjo ser.
Não há argumentos pra me segurar.
Por que ainda estou aqui?
A pergunta é mais fácil que a resposta.

O coração ainda ignora os fatos.
Quer se agarrar a qualquer coisa que sobra.
Mesmo que não seja relevante.
Mesmo uma projeção errada,
de uma esperança passada.

Não tem mais nada aqui, tento convencê-lo.
Mas ele ainda vê aquela menininha,
que acreditava que tudo ia dar certo.
Que toda realidade seria sonho.
Não posso culpá-lo, também vejo.
As lágrimas que rolam são prova disso.
Mas o coração não chora.
Agarrar-se a qualquer vestígio de esperança é o que faz.
Pra tentar secar as lágrimas, que não sou capaz.

Izuara Beckmann,
21 de Junho de 2012.

sábado, 16 de junho de 2012

Quebra-Cabeça



Sou parte incompleta de qualquer coisa,
De uma canção que não foi gravada,
ou tocou só até a metade aquele dia.
Deixando no ar a nostalgia.

Sou um jogo paralelo de palavras cruzadas,
Que se encontram lá onde as paralelas se cruzam, se cruzam?
Sou uma pergunta sem resposta,
ou uma resposta pra uma pergunta que ninguém fez.

Sou parte indefinida de uma definição qualquer,
um sorriso num rosto desconhecido,
e uma lágrima que rola esquecida.

Faço parte da parte que não entrou pra história,
uma ideia que nem chegou ao papel.
Ficou presa, nos traços da memória.

Izuara Beckmann,
17 de Junho de 2012.




quinta-feira, 7 de junho de 2012

O amanhã e sua rima



Deixe vir o amanhã e sua sina
com toda e qualquer coisa que couber nessa rima.
Deixe brilhar o futuro como um sorriso,
em seu traçar tênue e impreciso.

Que venham as confirmações e negações,
das nossas tramas e suas ligações.
Que o brilho desse novo dia venha raiar,
e depois dessa noite, venha o mundo clarear.

Deixa vir o aleatório ou pré-determinado
desse novo dia ainda inacabado.
Deixe vir as ilusões e afirmações,
em um colorido novo de sensações.

Deixe pairar no ar a incerteza,
palpitando em nós, com toda sua beleza.
Deixe que vá se realizando,
tudo que até aqui viemos sonhando.‏

Izuara Beckmann,
06 de Junho de 2012.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Jogo de opções



Escolha nossa, será que a temos?
Entre o eterno e o passageiro   
Entre o que não sabemos e o que conhecemos,
Entre a brisa e o nevoeiro.

Entre ser você mesmo,
ou outra pessoa qualquer.
Entre lançar-se ao abismo,
ou nem arriscar sequer.

Onde abandonar as armas,
até que ponto confiar.
Onde deixar cair as máscaras,
as certezas à questionar...

Cabe à nós decidir.
Entre sentir e ignorar,
resistir ou desistir,
Esquecer ou lembrar.

Escolher,
O que vestir,
o que comer,
pra onde ir
e do que se esconder.

É a nossa chance,
é a nossa vez de jogar,
Então, mova as peças... Avance!
Sem medo de errar.

Izuara Beckmann,
04 de Junho de 2012.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Rimas Soltas (adaptado*)




Quero rimar esses versos,
quero que rimem com meu sentimento hoje,
com minha indecisão e imprecisão,
com os desejos mais íntimos do coração.

Quero que tragam a rima do dia-a-dia,
o imperceptível em sua melodia...
Quero que traduzam os olhares,
apesar dos pesares...

Quero que discorram sobre emoções ainda sem nome.
Quero que falem do antigo,
aquilo, indefinido, ainda sem resposta
de tom amarelado, poético e esquecido.

Quero que capturem a simplicidade,
o óbvio, o ignorado e o disperso.
Quero que rimem com felicidade,
que talvez ainda seja rumo incerto.

Quero rimá-los em rimas soltas,
em um ritmo singelo.
Ainda que pareçam tolas,
formem juntas um tom belo.

Quero que forjem um novo prosseguir,
e aqui não seja sua última passagem.
Quero que continuem em cada sentir,
em cada detalhe desta paisagem.

Quero que expressem, nem dor nem alegria,
talvez algo ainda sem tradução.
Que não digam mais do que precisam dizer,
e não voem além da imaginação.




Izuara Beckmann.
Adaptado em 31 de Maio de 2012.

Comentários:
*
A versão original da poesia pode ser encontrada em Rimas Soltas.
** Poesia adaptada também publicada no Portal Quinari.