quinta-feira, 29 de março de 2012

Campo Minado


O ruim de um campo minado*, é que você só percebe que está em um quando aciona a primeira bomba, e então, é tarde demais.

Isso deveria ser um manual de como perceber um campo minado antes de pisar nele, desculpe. Esse manual não existe. Por isso, esse é mais um poema inútil, ou como diz Fernando Pessoa, um Desassossego.

Sinceramente não há como evitá-lo**. Se tiver que enfrentar um – e enfrentará-, talvez encontre uma rota alternativa. Afinal, se alguém o plantou ali, teve de se certificar de que nenhuma explosão o atingiria e nem  impediria de ir e vir, portanto, existe uma rota alternativa.

Sinto iludi-lo por esse breve momento. A rota não estará sinalizada por placas ou instruções. Talvez o fato de imaginar que ela exista seja um consolo, depois de pisar em falso pela primeira vez. Acostumar-se com a ideia já é um passo.

Só isso. Os outros passos terá que descobrir sozinho. Não que eu esteja sendo insensível ou egoísta, é que eu só cheguei no primeiro. Mas anime-se, talvez você vá mais longe ou nunca passe por um.

Se nunca passar por um em guerras ou campo de batalhas, a vida está cheia deles... E não sei dizer agora, qual lhe ferirá mais ou qual cicatrizará primeiro.

Izuara Beckmann,
12  de Março de 2012

Comentários:
* KKKK, insiro risos nesses versos, nunca vi ninguém (normal) fazer isso. Mas abro uma exceção. Ruim de um campo minado?! Fala sério, alguém já encontrou a parte boa??? Felizmente os poemas (ou, nesse caso, prosas) não podem ser condenados por redundância. Então aqui vamos nós.
** O campo minado. Percebi que poderia deixar essa dúvida... na verdade Fernando Pessoa poderíamos evitar, já o campo minado, não tenho tanta certeza.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Insensata certeza


Prefiro ser incerta,
certezas não me chamam atenção.
Predeterminações não me convencem,
só escondem o que realmente são...

São desculpas, nossas desculpas
para moldar um mundo sempre igual,
tanto em ações como emoções.

Desculpa para justificar a rotina,
o hábito, o vício, o previsível...
Para explicar nossa falta de controle
do tempo e acontecimentos,
achando que se previstos,
serão menos incertos.

Desculpa nossa para evitar o caos...
Quem disse que o imprevisível é caótico?
Quem disse que o caótico não segue regra?
Quem disse que precisa ter explicação?
Quem disse que há solução?

Se essa é a desculpa,
prefiro não me desculpar.
Se ter “certezas” é sensato,
ainda prefiro a insensatez.
Cá pra nós, é bem melhor assim
desconhecer o início, ignorar o fim
.”*

Não tenho certeza,
nem pra tudo se precisa ter...
Não faz sentido nenhum,
nem tudo precisa fazer.

Izuara Beckmann,
24 de Março de 2012
Comentários:
*Verso extraído da música  A Fábula- Engenheiros do Hawaii, que além de melhorar esses versos, também foi grande fonte inspiradora.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Me deixe rir e fingir


Me deixe rir aqui,
lembrando das impossibilidades e desencontros da vida,
Lembrando de sofrer por amor,
de quase morrer de te amar…
e tudo mudar no dia seguinte.

Penso nas ironias da vida
por mais que se planeje tudo,
algo sempre nos surpreenderá um dia.
Aí você descobre o que te sobra,
e o que resta é rir.

Preciso tanto de você aqui,
estou morrendo de amores por você… 
Mas é só agora, hoje.
Amanhã tudo muda de novo.

"Só aceito a condição de ter você" aqui junto de mim,
ou o mais longe possível,
depende o dia…


Izuara Beckmann,

Comentários:
*Fruto dos amores desencontrados da vida e de uma música: Sentimental - Los Hermanos. 


quinta-feira, 22 de março de 2012

Hoje


Hoje não quero me entregar,
não quero deixar que a derrota me derrote.
Hoje não quero a rota que costumo tomar,
não quero os fracassos, nem desilusões,
nem os desenganos.

Quero a ausência de tudo,
quero a ausência de mim.
Quero a ausência do medo e da coragem,
ausência da certeza e da indecisão.

Quero por um minuto um meio-termo,
quero não ter opção.
Quero não precisar me decidir,
quero poder ficar aqui...
Sem motivos, nem razões
apenas canções...

Izuara Beckmann,
16 de Setembro de 2010.
Comentários:
* Como uma velha fotografia, esses versos me lembram partes de mim que deixei para trás ou justificam muitas atitudes que ainda tenho. Posto nem tanto por gostar deles, mas como uma fotografia que você não sabe se gosta, mas não se arrisca a jogar fora e deixar que aquelas lembranças escapem por entre os dedos. 

quarta-feira, 21 de março de 2012

Sentimento de vazio

É um sentimento sem nome definido,
sem cor nem expressão.
É um sentir nada,
nem extremos, nem meio-termo.

Sentir-se vazio não deveria ser
um nome para um sentimento,
já que nada representa
além de ausência de sentimentos.

Sentimento sem nome,
sem formas sólidas ou abstratas...
Sentimento de não sentir nada,
contradição!

Me sinto assim,
mas não sei como sentir...é vazio.

Izuara Beckmann,
08 de Dezembro de 2010.

terça-feira, 20 de março de 2012

Quem sou eu?


Essa sempre foi uma pergunta que me intrigou, e está sempre em descrições de páginas e perfis na web.

Não que eu me questionasse a respeito de quem sou, a pressa e correrias cotidianas não nos dão mais espaço para abstrações, mas sempre respondi à essa questão com outra pergunta (ao menos mental) de quem sou eu, afinal?

Para minha sorte e restrição das abstrações, muita gente antes já havia respondido à mesma indagação: com nome, idade, endereço e interesses. Na súbita reação que temos ao encontrarmos um a resposta àquilo que nos inquietava, em geral, substituímos por nossos próprios dados e fim de papo.

Mas não somos um endereço, ou uma idade e nem mesmo um nome. Somos feitos de sonhos, escolhas certas ou não, decisões, avessos e inquietudes... Coisas assim que nem se quer conseguimos traduzir em palavras. Somos pessoas diferentes, apesar de iguais em tanta coisa, temos uma personalidade dotada de uma particularidade só nossa e elaborada com a junção de tudo que vivemos e aprendemos, mais os sonhos que ainda temos.

Particularmente, sempre respondi com trechos de músicas ou poemas e prosa de Clarice, Fernando Pessoa, Caio Fernando Abreu e outros. Não sou Clarice, nem Fernando e menos ainda um poema ou prosa que faça algum sentido. Buscava apenas alguma coisa para traduzir-me em partes, em momentos.

Não acho que seja resposta fácil, não acho que tenha resposta. Sou mais pintura abstrata, sem contornos definidos ou um destino traçado. E se me olhando assim, você não sabe dizer quem sou, provavelmente eu também não saiba.

Hoje, na falta de resposta, substituí o “Quem sou” por “sobre” e ainda coloco meu nome e idade, mas agora completo com versos de próprio punho.

Izuara Beckmann,
13 de Março de 2012

domingo, 18 de março de 2012

Decisões e reversões


Gire a maçaneta, abra a porta,
deixe tudo para trás.
Liberte-se de suas angústias,
hoje não é dia de pensar no que ficou.

Não lamente, abra seus olhos
Deixe a luz dessa manhã clara,
te convencer a ir em frente.
Vai deixar que o medo a impeça?

Respire fundo, precisa de uma decisão?
Não se preocupe com o tempo,
não dá mais pra consertar as coisas.
Dê um primeiro passo, abandone toda nostalgia…

Ouça a canção que toca,
deixe que seus passos tomem o ritmo,
e seus movimentos acompanhem a melodia,
e a letra te diga mais uma vez: "Tudo vai ficar bem!"

Veja, você está dançando,
olhe para frente agora…
Coisas maravilhosas te esperam,
e estão no caminho a sua frente.

Você precisa correr, tudo está longe agora…
Se não estiver longe,
talvez esteja depois daquela esquina.

Izuara Beckmann,
20 de Agosto de 2010.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Pedras e castelos


Indestrutível, todo munda acha ou achava que era.
Mas a vida não perdoa quem pensa assim.
Tudo bem, não a culpo.

Pensa-se assim, até que um dia a vida te coloca de joelhos, te curva.
Te deixa com o rosto colado no chão.
Te deixa com uma cicatriz, não no rosto, mas no coração.
Tudo ainda estaria bem, se ficasse assim.
Mas ela quer mais de você.
Ela te faz levantar, engolir as lágrimas.
Te faz colocar um sorriso de gelo na cara,
e ainda atuar como se tudo estivesse bem.

Como eu disse, não a culpo.
O que aprenderíamos se ela nos deixasse de joelhos?
Apenas que não somos indestrutíveis?
Ela te ensina mais. Ninguém se importa se és indestrutível ou não.
Te ensina a não esperar, que mãos humanas te ofereçam ajuda.
Te ensina a erguer a cabeça sob todo o peso do mundo,
pra te ensinar a ser gente.
Te mostra o gosto da derrota,
Para que você reconheça a vitória quando a encontrar.

Nem todo mundo vê assim.
Alguns ainda estão de joelhos, preferem abaixar os olhos e
consumir-se em dor.
Nascemos encantados, a vida nos desencanta.
Desencantada, um dia eu ergui a cabeça.
Coloquei meu melhor sorriso.
Ensaiado ou não, quem se importa?
Fingi ser verdade, até o dia em que realmente foi.

Minhas conclusões:
O que nos faz indestrutíveis, não é nunca ser derrotado...
e sim “das pedras do caminho, construir um castelo...”
Se um dia serei indestrutível? Claro que não.
A vida também me encontra dentro de meu castelo.
Me coloca de joelhos a hora que bem entende.
Não que eu tenha me acostumado,
só que agora já conheço o caminho para me levantar.
O faço milhares de vezes, sem me importar.

A vida, sempre me surpreende.
Tenho mais medos dos pedestais que ela me oferece,
do que do chão ao qual ela me curva.
Afinal, a queda dos pedestais é maior.

Izuara Beckmann,
08 de Dezembro de 2011

quinta-feira, 15 de março de 2012

Sobre coisa alguma e inutilidades...


Caneta nova e uma folha em branco. Só pra ver quanta inutilidade eu escrevo em uma hora e variações. Não que as palavras teimassem em sair, digo irremediavelmente sem considerar a solidão. Acho que a solidão é a grande culpada, ou o medo de altura*... tanto faz.

Agora, aqui, vejo o quanto é hipócrita passar a limpo uma poesia**, como se pudéssemos melhorá-la ou mesmo mudá-la.  A cópia vai, a essência fica. Da poesia fazem parte os rabiscos, as meio termos, a cor e a forma das palavras e a INdisposição dos versos, que ainda teimam livres em serem impressos.

Ouso dizer, que um poema é uma fotografia de versos em uma pose qualquer. Se tentássemos uma outra igual, considerando a mesma inspiração e as mesmas condições, ainda assim seria diferente (quase usei aqui um ‘malfeita’, mas não é malfeita. É diferente e, portanto nova.).

O poema ainda é o único meio que eu conheço que consegue descrever perfeitamente o som do silêncio, o barulho ensurdecedor da ausência, o nada a dizer.

Não me julgue louca, bem sei que isso se parece mais com prosa. É prosa aqui, era pra ser poema. Ainda é em mim um poema, sobre coisa alguma e inutilidades. Um poema.  

Izuara Beckmann,
12 de Março de 2012


Comentários:
*eu realmente estava em um lugar alto. É um dos versos sem sentido, que tinham todo sentido na hora.
**como todo bom hipócrita, passei a limpo estas linhas. Se servir de consolo, ainda guardo a versão original, feita a tinta preta numa folha amassada.

terça-feira, 13 de março de 2012

Finais

Dizem que no final tudo acaba bem, mas os finais são difíceis.
Difícil juntar as pontas soltas, encaixar todas as peças.
Alguém sempre vai preferir um outro término,
achar que este não foi o melhor.
Então, na verdade, nada nunca acaba realmente.
Porque não vai existir um "final feliz" que concordemos com unanimidade.
Levando ainda em consideração que nunca estamos satisfeitos com o que temos,
também não alcançaremos o nosso fim...
Pois nada estará de verdade tão bem para que chamemos de fim.


Concluo assim, que os poemas não tem fim,
nem as músicas nem os livros, nem filmes e nem mesmo frases soltas.
Continuam em nós, em nossas escolhas e mudanças de rumo,
procurando por seu próprio fim...

O fim seria então...mágico, perfeito
e eu não poderia continuar esses versos,
pois este, está em busca de seu próprio fim.

Izuara Beckmann,
23 de Fevereiro de 2010

Acidentes de Percurso


Não preciso saber quem eu sou, pra viver  
não preciso ter todas as respostas
não preciso ter uma opinião formada sobre tudo,
não preciso de certezas, para viver…

Não preciso de um plano,
não preciso compreender tudo,
não preciso ser madura,
não preciso de escolhas certas.

Pra viver,
eu não preciso da opinião alheia,
nem da aprovação da maioria.
Eu não preciso ser forte, eu posso chorar!

Para viver,
eu me permito mudar
de opinião, corte de cabelo e lugar,
cor de esmalte, estado de alma e música preferida,
de lado, de saltos e número de celular,
de sonhos…de vida!

Pra viver,
basta um acorde simples,
um pôr-do-sol, um sonho.
Basta um motivo:
Estou viva, por que não viver?
Eu vivo.
Instantâneamente,
impulsivamente e intensamente,
Vivo.

Izuara Beckmann,
15 de Dezembro de 2010

Versos

Versos incertos,
Ainda versos.
Rabiscos aleatórios,
sentimentos impressos.
Ainda incertos.

Versos adversos
soltos, ansiosos,
ainda versos.
Melodia traduzida
em notas induzidas.
Versos dispersos,
curtos, aleatórios, adversos...
Ainda versos.
Portanto, incertos.

Izuara Beckmann
08 de Março de 2012

Utopias


Quero um mundo de finais felizes,
um mundo onde os sonhos se realizem,
onde a felicidade exista para qualquer um.

Um mundo onde o verdadeiro amor
exista para cada apaixonado.
Onde não seja difícil dizer a verdade,
onde olhares falem mais do que palavras.

Um mundo de contos de fadas,
onde as histórias não são comuns,
e os romances não são ficção…
um mundo de romances reais.

Um mundo sem flores secas nos jardins,
sem olhares de gelo na sala de estar,
sem vozes que sabem exatamente o que fazer,
um mundo de verdadeiros sentidos.

Quero um mundo de liberdade,
de “sim” e de “não” ou um “talvez”,
um mundo onde indecisão não é defeito,
e recomeçar é sempre possível.

Quero um mundo onde a dor
sempre mostre algo de bom,
e que as coincidências mudem tudo.
Quero um mundo para que se tenha esperança…
De que qualquer mundo pode ser melhor!

Izuara Beckmann
 03 de Setembro de 2010

segunda-feira, 12 de março de 2012

Dias


Tem dias que as coisas andam meio sem cor, e o mundo fica opaco demais pra fazer algum sentido. Há dias em que o brilho dos sorrisos e dos olhares não fazem cair as máscaras, e o tempo para, e a vida estaciona.

Dias em que a esperança e o crer parecem sair de folga, dias em que os sonhos não motivam a um passo mais ou fazer uma nova tentativa. Instantes em que o Por Que viver vai sendo vencido pelo Como viver, e fica só aquele ponto de interrogação, aquela busca por justificativas…

Momentos em que se acredita estar só, mesmo rodeado de uma multidão, momentos em que as certezas fogem e os objetivos recuam…

Nestes dias em que se ouve que mudar a dor em alegria só depende de cada um, e olhando assim eu sei : não tenho a menor ideia de por onde começar. E por isso, nem começo, nem tento, nem sinto, nem vivo…

Izuara Beckmann,
18 de Junho de 2011

Manhã de Outono


Eu sei porque você foge,
Sei porque vira as costas e corre,
Eu  sei porque você tem medo…
E ainda assim, não sabe onde se esconder.
E nem poderia, não existe tal lugar…

Talvez encontrasse um local para se esconder do mundo,
Do barulho, das pessoas
Um lugar de silêncio e calmaria.

Eu sei que você quer fugir,
Mas querida, onde iria para escapar de si mesma?
Quantas florestas, rios e campos atravessaria?
Em quantas montanhas subiria?

Sinto em dizer, mas nada adiantaria,
Enquanto não se virar, e encarar-se de frente,
Tudo continuará fugindo com você.

Eu  sei que quer fugir,
Deixar o que passou, não olhar pra trás…
Sorria, querida, nem tudo ficará aí para sempre.
Vire-se e coloque um ponto final em tudo,
Mude para uma nova página,
tudo continuará aí, mas pontuado… finalizado.

E, talvez um dia, de tanto fugir…
Tudo acabe mesmo ficando para trás,
E a vida lhe sorria com uma adorável manhã de Outono,
E as páginas de “passado” deem lugar ao novo e inesperado…
E a vida seja pra sempre uma Manhã de Outono.

Izuara Beckmann,
16 de Setembro de 2011

Inerte


Inerte, alheia, fria.
Chamem do que quiserem,
Para ela, era só ela mesma.
Observava o mundo dali,
À margem de qualquer expectativa.
Tudo passava a uma pressa cotidiana,
ou era sua vida que passava devagar demais.
Não importa...

Nunca quis sincronia com a pressa.
Olhava o mundo devagar,
não se permitia perder os detalhes, as simplicidades,
o movimento quase imperceptível.
Imóvel, fixa, calada,
Era só ela mesma.

Andava na contramão emocional,
Sem preocupar-se em contradizer-se:
hoje  amava...amanhã não.
Colidia de frente com os sentimentos,
com cada avesso próprio,
cada parte desconhecida de si mesma.
Isso a pressa não podia entender...
Importava só a si mesma.
Despreocupada, distraída, alheia.
Era só ela mesma.

Izuara Beckmann, 
08 de Dezembro de 2011