domingo, 11 de maio de 2014

Sebastian


Era um anjo. Tinha as malditas asas para lembrá-lo disso. Foram deixadas como uma eterna lembrança de quem nunca mais poderia ser. Se pelo menos pudesse voar com elas, seria uma pequena compensação afinal. Mas não podia, nunca mais poderia. E era disso que ele sentia mais falta. Por isso, as asas lhe pesavam tanto. Por isso lhe doía tanto.
Já não tinha um nome de anjo. Este, como sua essência divina, tinham se perdido na queda, e tudo parecia parte de uma vida tão distante que lhe sobravam dúvidas se um dia fora realmente sua.
O que se costuma ignorar, quando se é um ser divino e decide definitivamente viver como humano, é que quando se torna capaz de sentir, esses sentimentos incluem tudo: amor, medo, dor, aflição, insegurança, ódio, alegria, tristeza entre outros.
Este é, portanto, Sebastian. Tem um par de asas, um amor não correspondido, um medo inexplicável do escuro, um amigo incrível, uma dor de cabeça insistente e tantas dúvidas quanto grãos de areia numa praia. 

Izuara Beckmann,
05 de Maio de 2014.

** Poema publicado também em Cyber Café - Clube do Conto.

segunda-feira, 5 de maio de 2014