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2014,Cyber Café,Maio,Prosa
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Sebastian
Era um anjo.
Tinha as malditas asas para lembrá-lo disso. Foram deixadas como uma eterna
lembrança de quem nunca mais poderia ser. Se pelo menos pudesse voar com elas,
seria uma pequena compensação afinal. Mas não podia, nunca mais poderia. E era
disso que ele sentia mais falta. Por isso, as asas lhe pesavam tanto. Por isso
lhe doía tanto.
Já não tinha
um nome de anjo. Este, como sua essência divina, tinham se perdido na queda, e
tudo parecia parte de uma vida tão distante que lhe sobravam dúvidas se um dia
fora realmente sua.
O que se
costuma ignorar, quando se é um ser divino e decide definitivamente viver como
humano, é que quando se torna capaz de sentir, esses sentimentos incluem tudo:
amor, medo, dor, aflição, insegurança, ódio, alegria, tristeza entre outros.
Este é,
portanto, Sebastian. Tem um par de asas, um amor não correspondido, um medo
inexplicável do escuro, um amigo incrível, uma dor de cabeça insistente e
tantas dúvidas quanto grãos de areia numa praia.
Izuara Beckmann,
05 de Maio de 2014.
* Imagem Fonte: 25 Incredible Art Pieces By Cyril Rolando nº 14
** Poema publicado também em Cyber Café - Clube do Conto.