sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Adormeça


Deixe o cansaço vencer hoje,
não se pode ganhar sempre.
Nem tudo pode ser mudado,
talvez nem esquecido, mas tente.

A chuva continuará lá fora,
sem que você faça parte dela.
Então, apenas vá dormir.
E deixe o vento sussurrar na janela.

Amanhã, será um novo dia.
Por hoje, ainda tens a tempestade.
Pode ser que tudo isso a ensine,
a enfrentar o que chamam de realidade.

Mas não se esqueças de acordar,
tudo está lá fora, e as horas estão passando.
Não importa por quanto tempo fujas,
dias bons e ruins continuarão te esperando.

Izuara Beckmann,
29 de Dezembro de 2012.

O Dissimulador



Atrás das paredes e grades,
olhar de gelo, sorriso vazio.
Tudo se encaixando em peças,
de uma vida sedenta e febril.

Não sabia quanto tempo se passara,
mal se lembrava de quem fora.
Tudo estava atrás dos disfarces,
escondendo-se de qualquer mudança vindoura.

Acostumou-se à superfície,
usou o disfarce como garantia.
Não seria ferido de novo,
tudo correria na mais perfeita harmonia.

Quanto quis retirá-la,
a mascará era tudo que lhe restara.
Vivia então, uma versão não autêntica de si mesmo.
Este era o preço que a dissimulação lhe custara.

Izuara Beckmann,
28 de Dezembro de 2012.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Por entre os dedos


Tem certeza do caminho a seguir,
sabe exatamente quem quer ser.
Domina tudo que lhe convém,
não há nada que pense que não pode ter.

Espera encontrar todas as respostas,
pensa ter encontrado a rota segura.
Não perde nenhuma aposta,
ignora tudo que não lhe está à altura.

Ostenta um sorriso fácil,
e atrás da máscara esconde seu temor.
Aparentemente nada o assusta,
Pensa viver a vitória em todo seu sabor.

Se agarra a tudo que consegue.
Está seguro de que compreende a verdade.
Mas ainda não sabe, por entre os dedos
lhe foge a preciosa liberdade.

Izuara Beckmann,
18 de Dezembro de 2012.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Surpreenda-me



Surpreenda-me,
quebre o silêncio, o hábito.
Esqueça a rotina,
dedique-se ao inédito.

Rapte-me.
Chegue sem motivo.
Me desconcerte,
me faça perder os sentidos.

Tire meus pés do chão,
Me faça voar.
Me desloque, me arraste.
Me deixe sem ar.

Discorra sobre coisas sem significado,
sobre tudo que paira no ar.
Mas não me deixe lembrar,
do que não dá mais pra mudar.

Vamos viver de fantasias.
Fale-me do improvável,
vamos viajar na imaginação.
Sonhar com tudo que é inalcançável. 

Izuara Beckmann,
05 de Dezembro de 2012.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Quietude



No fim, o silêncio é mais agradável.
E talvez seja melhor mesmo estar sozinho.
Deixar que a ausência preencha mais,
e a quietude, te leve a outro caminho.

Enfim, você se percebe em mais uma rota sem saída.
Então, procure algo em que acreditar,
olhe pra dentro de si mesmo.
Veja quanto ainda falta a desvendar.

Por fim, é melhor mesmo fechar os olhos.
Deixar que o silêncio te envolva, leve e indolor.
E quem sabe, um novo dia te encontre assim,
num nostálgico e solitário torpor.

Nem todo fim chega quando se quer.
Nem toda pausa te faz pensar.
Nem todo ponto está onde deveria,
mas, todo sonho foi feito pra sonhar.

Izuara Beckmann,
03 de Dezembro de 2012.