quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Por hora


Agora, perco o controle
e minha vida passa por mim
repetidamente e diariamente
vivida por outras pessoas.

Por hora, meus sonhos me perseguem
e eu estou me escondendo a tanto tempo
mas quando durmo, eles me alcançam
e me sufocam até que eu desperte.

Não era isso que eu tinha em mente
ainda assim, é onde estou
a tempos não sou a mesma
e também não sei quem sou.

De quem é esse peso que tenho carregado?
Quem posso culpar pela culpa em mim?
Alguém está vindo me resgatar?
Ou estou por conta própria?



Iz
27 de Agosto de 2020

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Estilhaços


Eu gosto mesmo é daquele momento
constituído de alguns milésimos de segundo
entre o momento em que uma ilusão se estilhaça
e antes que os cacos te acertem.
Porque são esses segundos que te mudam
depois vem a dor
o desespero, o sentimento de perda.
Só o tempo vai te modelando
naquilo que começou nesses segundos
e modelagem dói
arranca umas certezas enraizadas
deixa as feridas expostas
e você acha que vai morrer
porque tudo que dói parece morte
mas morte também é recomeço
e você morre sim
porque era composto daquela certeza.
Por um tempo, vive sem entender como
e depois renasce,
com cicatrizes que fazem de você
exatamente quem você é.

Izuara Beckmann,
22 de Agosto de 2018.


quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Aos que se fragmentam

E então, 
você está em pedaços de novo.
Depois de jurar
que não abaixaria as barreiras novamente.

Você exite entre os fragmentos por um tempo,
pra se lembrar bem da dor.
Mas quando você cria coragem,
não sabe por onde começar.

Quando foi que você decidiu 
colidir de frente com isso que chamam de amor?
E de quem são os pedaços pelo chão?
Quem é que agora quer juntá-los?

Então, você constrói mais uma barreira
talvez escolha deixar espalhados pelo chão
os cacos que vai usar pra justificar o distanciamento
e as barreiras cada vez mais impenetráveis.

Talvez você espere por um momento mágico,
em que tudo se ponha no seu devido lugar,
e a precisão faça tudo parecer inteiro de novo.

Talvez você se abandone por um tempo,
chore suas mágoas e anestesie a dor
enquanto vai se tornando outra pessoa
e os cacos pelo chão, já não sejam seus.

Izuara,
07.02.2018

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Sobre invisibilidades


Sempre quis que as pessoas vissem através de mim
E não me vissem at all
Sempre quis que me deixassem em paz
Até que meus esforços me levassem a inexistência

Sempre que mergulhei quis me sentir parte de um todo silencioso
Me dissolver,
Dissipar como brisa
Desaparecer em alguma dimensão paralela
 
O vento em meu rosto era o que me mantinha existindo
A resistência do ar sempre me materializava de repente
Me tirava do meu canto fantasmagórico
Me forçava a respirar fundo

Em um mar tempestuoso aprendi
Viver exige incômodo
Exige desafiar a resistência do ar
Exige cortar ondas
E deixar que outras se choquem contra o barco

Viver exige levantar-se
Afirmar-se, desafiar-se
Viver demanda esforço
Caso contrário não é existência
É ausência

Se não é existência
É desistência
De sonhos
De dores
De sabores
De tudo que poderia ser.

Izuara,
10.01.2018

Dualismo

sofro de preguiça existencial
sendo essa existência
qualquer esforço
para alcançar qualquer objetivo

nesses dias nem levanto da cama
ou deixo a alma no travesseiro
deixo o tempo se arrastar
e passar por cima de mim, segundo a segundo.

sofro de surtos esporádicos de positividade
sendo essa positividade
baseada em tudo que alcancei
e os meios que usei.

nesses dias nem durmo,
ou tenho sonhos divagantes 
não deixo, mas o tempo voa
me corre por entre os dedos, segundo a segundo.

Izuara,
04 de Fevereiro de 2018




terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Onde habita a consciência

Minha consciência não vive em mim,
paira ao meu redor
Como uma névoa
inexplicavelmente estacionada nesse corpo.

Minha consciência não vive em mim,
mas em mim se expande e se retrai 
Me ultrapassa e me dilacera
me liberta e me encarcera.

Minha consciência habita 
no limiar da minha lucidez
Minha consciência sobrevive

entre o choque de realidade e ilusão.

I.B.P.
11 de Dezembro de 2017



domingo, 26 de novembro de 2017

Once in hell, embrace de devil

Era o poder de modificar a realidade, 
ou pelo menos uma tentativa. 
Era poder controlar seu mundinho, 
era estar à frente de todos. 

Começara na infância. 
A primeira mentira lhe saiu tão rápida e indolor. 
Quase como se tivesse acontecido 
em uma outra realidade.

Crescera, fora pega. 
Acabou por aprimorar o talento. 
Mente graciosamente e naturalmente. 

Inclusive para si mesma.

I.B
27 de Novembro de 2017.


*Fruto de Writing Prompts aleatórios. Tema 1: 236. Liar, Liar.